O Portal Sabiá fez o perfil de Makandal, importante líder pré-revolucionário no território de Santo Domingo, que duas décadas antes da independência tinha organizado mais de 20 mil escravos negros fugidos, refugiados em quilombos nas montanhas da ilha.
O Dia Internacional em Memória do Tráfico de Escravos e sua Abolição é uma data proposta pela Organização das Nações Unidas, marcada no dia 23 de agosto, e que chama a atenção para formas contemporâneas de escravidão, que ainda vitimam mais de 40 milhões de pessoas.
Na madrugada deste dia em 1791 foi registrada a revolta de escravos em Santo Domingo, que corresponde atualmente ao território do Haiti e da República Dominicana. O feito é inédito até hoje como único levante de pessoas escravizadas que resultou na formação de uma nação independente da história.
Diante da dura realidade escravagista na colônia francesa, muitas pessoas negras escapavam das fazendas onde eram exploradas e passaram a viver em quilombos escondidos nas montanhas que atravessam a ilha, num processo parecido com o que ocorreu no Brasil.
Um destes refugiados foi Makandal, sequestrado aos 12 anos e levado a Saint Domingue, onde foi comprado para servir em plantações de cana-de-açúcar. Ele pertencia a uma importante família que priorizou sua educação e, portanto, diferente da maioria dos africanos escravizados, Makandal podia ler e escrever, falava árabe fluentemente, tinha amplo conhecimento de escultura, sabia pintar e conhecia profundamente plantas e ervas medicinais.
Tornou-se um carismático líder guerrilheiro e espiritual. Uniu os diferentes bandos quilombolas e criou uma rede de organizações secretas ligadas aos escravos ainda nas plantações. Com isso, passou a arquitetar ataques simultâneos, entre incêndios, saques, assassinatos, e também ensinando às cozinheiras escravizadas das casas grandes os segredos mortais das plantas. Em 1758, mais de 6 mil franceses já haviam sido envenenados sob ordens de Makandal.
No auge da articulação da comunidade, eram mais de 20 mil pessoas vivendo no refúgio das montanhas. Depois de seis anos planejando e construindo uma organização de escravos negros em todo o Haiti, Makandal foi traído e os detalhes sobre sua morte são muito debatidos.
A graduanda em Estudos de Mídia pela Universidade Federal Fluminense Morena Mariah conta, no artigo Makandal: o revolucionário herbalista | by afrofuturo | Medium, que:
“Em uma de suas fugas, [Makandal] profetizou que voltaria após sua morte como um mosquito. Curiosamente, anos depois, uma epidemia de malária espalhou-se pela ilha matando mais de 30 mil europeus e livrando africanos que já eram imunes à doença.”
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Livros sobre a Revolução Haitiana:
O autor faz um relato minucioso da insurreição de escravos que expulsou os colonizadores franceses de São Domingos, antigo nome do país. Na colônia, principal parceiro comercial da França, os ideais da revolução na metrópole, que pregava ‘liberdade, igualdade e fraternidade’ ecoaram nas lideranças dos escravos rebelados, os jacobinos negros.
Disponível em versão física: Os jacobinos negros – Boitempo Editorial
O historiador Marco Morel levou 15 anos pesquisando e escrevendo o livro que trata das repercussões da Revolução Haitiana no Brasil colonial e imperial, acompanhando o período entre 1791 e 1840, tanto no Haiti e quanto no Brasil.
Disponível em e-book e na versão física: https://amzn.to/3wRt5Sf
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